Archive for the direitos GLBTT Category

são paulo, 24.11, universidade mackenzie

Posted in ciberativismo, cidadania, direitos GLBTT on 24/11/2010 by Homofobia Já Era
Mack

Edson Silva/Folhapress

Com amor no coração
Preparamos a invasão
Cheios de felicidade
Entramos na cidade amada
Peixe Espada, peixe luz
Doce bárbaro Jesus
Sabe quem é otário
Peixe no aquário nada
Alto astral, altas transas, lindas canções
Afoxés, astronaves, aves, cordões
Avançando através dos grossos portões
Nossos planos são muito bons
Com a espada de Ogum
E a benção de Olorum
Como num raio de Iansã
Rasgamos a manhã vermelha
Tudo ainda é tal e qual
E no entanto nada é igual
Nós cantamos de verdade
E é sempre outra cidade velha

“os mais doces bárbaros” – caetano veloso

assim avançamos

Posted in direitos GLBTT, diversidade with tags on 23/07/2010 by Homofobia Já Era

pink nique

assim melhoramos

Posted in direitos GLBTT, diversidade, esporte, homofobia with tags on 22/07/2010 by Homofobia Já Era

*o medo de ser

Posted in direitos GLBTT, homofobia with tags on 19/07/2010 by Homofobia Já Era

Na semana em que a Argentina aprova o casamento gay, peço licença para relatar uma historinha banal. Moro num bairro aprazível e “tranquilo”, sonho de consumo de dez entre dez cariocas. Dos que não vivem lá, obviamente. “A grama do vizinho…”. Pois é. De um tempo para cá, por motivos que me são alheios, alguns playboys deram de gritar “veaaaaaado!!!”
quando me vêem na rua. Outro dia, derrubaram minha pasta no chão. Numa noite anterior, rolou um inesperado banho de uísque com Redbull no casaco novo… Depois disso, a calçada ficou mais longa que uma maratona. Chegar à varanda torna-se uma decisão pesada, difícil de tomar. A pasta, o cheiro do uísque com Redbull… Difícil. Como vocês podem ver, trata-se de uma história de bullying, a palavra do momento. Seria só mais uma, não fosse o caso de atingir um certo cara no auge da meia-idade. Eu.

   Nunca havia passado por isso antes. E não pretendia experimentar agora. Mas aconteceu — fazer o quê? Penso em várias “soluções”. A mais radical é mudar de bairro. Deixar para trás uma casa que adoro e que montei aos poucos, no ritmo que o salário aguado permitiu. Deixar para trás, também, um prédio no qual fiz amigos. É uma “solução” penosa e triste, creio. Faz com que eu me sinta covarde, pequeno, sujo, miserável. Sem falar no trampo, né? Mudança, segundo pesquisas, é uma das situações que mais geram estresse na vida. As outras são separação, morte… Mudança é um pouco separação e morte.

  A outra “solução” é sugerida por amigos, que perguntam: Por que você não denuncia? Por que não procura a polícia?” Simplesmente porque não vivo dentro de um episódio de “Law & order: Special Victims Unit”, a genial série americana que ficcionaliza o cotidiano da unidade de elite da polícia nova-iorquina especializada na investigação de crimes de natureza sexual. Se eu tivesse a certeza de que meu “caso” seria tratado pelos detetives Stabler e Benson, correria para a delegacia mais próxima. Na maior confiança. Como todos sabemos, não é bem o caso por aqui.

  E também posso fazer o que estou fazendo neste instante: expor meu pequeno drama (que, convenhamos, não interessa a quase ninguém) nas páginas de um grande jornal como este O GLOBO. Vai ter gente se identificando, é claro. Vai ter gente criticando a superficialidade do texto (provavelmente, com razão: sou meio raso mesmo). Vai haver quem elogie a coragem do repórter, bem como quem o ache um rematado covarde. Sinceramente, leitor, sua opinião me importa. Mas pouco muda. Desculpe qualquer coisa, tá? É que na hora de voltar para casa, não vai ter detetive Benson nem Stabler, amigos, leitores ou páginas para segurar a barra. A mim, restará torcer, solo, para não encontrar os pequenos e medíocres algozes do dia a dia. Em encontrando, restará torcer para que não estejam muito bêbados ou alterados, pois isso conta — e muito — nessas horas.

  O cotidiano pode se dividir entre poder ou não ser você mesmo na rua, no ônibus, no boteco… Mas convenhamos: isso ainda não é tão possível no balneário de São Sebastião. Somos toscos, mal educados, infantis e preconceituosos. Friendly my ass, isso sim. Ih, falei.

 
Eis a história — até agora. As cenas dos próximos capítulos? Não sei o que esperar desta trama triste. Mas sei o que não esperar no curto prazo: civilidade. E aqui me permito repetir uma obviedade: civilidade não se compra no supermercado ou na quitanda. Se constrói. Ao longo de muito tempo. E é aqui que penso numa notícia da última semana: a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina. 

  Não sei se a notícia foi realmente bem-vinda ou se mereceu um tratamento tão retumbante por ser muito surpreendente. Mas o fato de a Argentina ter se tornado o primeiro país da América Latina e do Caribe a aceitar o chamado casamento gay mereceu amplíssima cobertura da imprensa brasuca. Nas páginas e nas telas, parece algo de muito bom, apesar dos protestos dos usual suspects (Igreja católica, círculos conservadores, arautos da família etc.). Ouso pensar que se a notícia tivesse vindo de outro país que não nosso arqui-rival, teria sido ainda mais celebrada. É de bom tom na imprensa alardear correção política, mesmo quando o coração se inclina na direção oposta.

Fiel à rivalidade, não consigo parar de comparar, mentalmente, Brasil e o país hermano (que as piadinhas já transformaram em hermana). Mas quando digo país, leia-se cidade. É isso: não consigo parar de comparar mentalmente o Rio, onde sempre vivi, e Buenos Aires, cidade que conheci ainda criança e à qual já voltei várias vezes. E acho que, no quesito friendly, BsAs ganha de longe, muito longe, do Rio.

Aqui, cabe esclarecer. Grandes questões como direito a adoção de crianças e a herança do(a) companheiro(a) são fundamentais, é óbvio. Palmas para os países que já garantiram tudo isso a seus gays, lésbicas, transgêneros, simpatizantes e quem mais chegar. Mas, em minha humílima opinião, é o dia a dia que conta. É do cotidiano que a vida é feita. Do dia de sol ou chuva, do ônibus que chega na hora ou não, que para ou não no ponto… Do chefe que te saúda ou não no trabalho, do colega que te dá uma força ou puxa o teu tapete, do amigo que te liga no momento certo. Da flanada prazerosa pela tua cidade, sem medo de pitboys e pitbulls. Ou não.

Aqui, volto à Argentina. Foi corajosa a aprovação do chamado casamento gay naquele país. Cheio de inveja, deixo meus parabéns. Não sou idiota a ponto de acreditar que uma lei acabe, magicamente, com pré-conceitos acumulados ao longo de séculos e cevados à base de ódio à diferença. Mas é um primeiro passo para uma rotina mais amena no futuro.

Quando é que vamos dar este passo?

 

Jefferson Lessa é repórter do jornal O Globo

Ilustração de Claudio Duarte

* Texto publicado na seção LOGO/A Página Móvel, 
que saiu na editoria RIO do jornal o Globo

depois dos temporais

Posted in direitos GLBTT with tags , on 15/07/2010 by Homofobia Já Era

Hoje a América Latina deu um passo tímido mas fundamental para que possamos ir à frente rumo a cidadania plena nessa parte do globo. Na Argentina, os homossexuais já podem se casar, constituírem família com todos os direitos e deveres das pessoas que assim o desejam. De agora em diante não só amor, companheirismo e compromisso unem dois gays argentinos: mas inclusão social com dignidade,com garantias e com reconhecimento legal. Assim melhoramos.

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Alex Freyre e José María Di Bello, homossexuais latinos-americanos, se casaram no dia 28 Dezembro de 2009 e de hoje em diante, oficialmente, serão um dos muitos casais gays plenos e felizes na Argentina.

As crianças vão bem, obrigado!

Posted in direitos GLBTT, homoafetividade, homofobia, homoparentalidade, opinião with tags , , , , , , , , , , on 23/05/2010 by Adriano Mascarenhas Lima

Acho que isso é o que diria qualquer casal gay que já tivesse passado pelas várias lutas árduas e diárias em busca dos direitos de amar. Sim, usei plurais: Não bastassem os percalços que cada homossexual enfrenta, numa ou noutra medida, pelo direito de amar um namorado ou companheiro, casais gays que adotam crianças constatam que essa não é a única forma de amor que lhes é proibida pela sociedade e pelas leis que esta cria do alto de suas “verdades imutáveis” tediosas. O direito de amar filhos também encontra o tom de voz da rejeição.

Gay Parents E esse tom é velho conhecido aos ouvidos já ressentidos com ele. Podemos escutá-lo no áspero desamor do “eu não vou deixar” que um pai autoritário diz para o filho que quer sair. Questionado sobre seus motivos, esse ditatorial e amável pai arquetípico (mais aceito socialmente que o pai gay) justifica-se com um “porque eu sou seu pai e te proíbo”. A imagem que podemos fazer da rejeição à adoção homoparental é bem essa: A de um discurso que não tem mais encontrado como se justificar mas mesmo assim tem insistido em apelar para a preguiçosa “ordem natural das coisas”.

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a caça às tias

Posted in comportamento, cotidiano, direitos GLBTT, diversidade, opinião, violência on 29/04/2010 by Jisuis

No meio deste caos, onde a elite intelectual do país incentiva que se atire merda em bichas, onde diversos países no mundo criminalizam a homossexualidade com pena de morte e NÃO HÁ qualquer manifestação eficiente por parte de quem se diz “preocupado com os direitos humanos”, quando você olha tudo isto, estes absurdos, e pensa que não tem como piorar…

Aí vem alguém e diz: “se os gays fossem discretos, isto não teria acontecido. Isto acontece porque ficam se pegando na rua.”

E eu fico P!!! da vida.

Sabe por quê?

Porque esta criatura tem razão. Não pelo motivo que imagina, mas tem razão.

Não, não acho que o povo glbtxyz deva voltar todo pro armário e isto vai acabar com a violência.  Contudo, é inegável que a violência é a manifestação última da revolta pela nossa incapacidade de nos submeter. Insistimos em não existir rebaixados, humilhados e confinados; libertamos-nos do jugo da moral do outro e decidimos ser felizes.

A violência a que somos expostos é a tentativa da sociedade heteronormativa de nos enrustir. “calem-se ou serão atingidos”; “escondam-se ou serão alvos”; “fujam ou serão caçados”.

A violência quer nos subjugar, assumir o controle da nossa vida.

Controle este perdido quando saímos do armário e deixamos de ser controlados pelo poder absoluto da ofensa, do preconceito alheio.  Quando deixamos de viver 24 horas por dia interpretando personagens, inventando histórias, mentindo, queimando fosfato com o objetivo último pior que não dizer de si, para desdizer do que se é.

Quando abrimos a boca para ‘sair do armário’, incomodamos todo mundo muito mais. Porque não se trata apenas de assumir a homossexualidade. Trata-se de negar-se enquanto heterossexual, negar a heterossexualidade presumida, negar a exclusão discursiva de ser quem se é – um ‘não-hetero’, um gay.

Quando saímos do armário, quando trazemos nossa vida privada para a esfera pública, destruímos o poder primevo da repressão heteronormativa – a exclusão do sujeito do discurso – nos assumimos sujeitos e falantes. Deixamos de estar à margem, presos no discurso do outro, submetidos às reduções do preconceito. Somos responsáveis pelo nosso destino, pela nossa vida. Vivemos como queremos e não como querem que não sejamos.

Isto é absurdo. Alguém que tenha autonomia de sua existência e seu discurso a ponto de romper com a rede de ofensas opressoras, a rede de humilhações que restringia a vida satisfatória ao armário? Inadmissível. Coloca em risco toda a capacidade cruel das nossas instituições. Será punido com a violência com a qual ameaçamos TODOS os que são diferentes.

Sim. Nós nos rebelamos, nos revoltamos e conquistamos, quotidianamente, nossa liberdade. Estamos todo dia construindo um ‘out’ que nada mais é que dizer “Eu não aceito este não-lugar que você tem para mim, este julgo, esta acusação, esta pré-punição que você me empurra. Eu sou melhor que isto, eu não caibo nesta pequenez toda. Chega!”

Por tanto, cacem as tias, derrubem as bichas, queimem as sapatas, castrem os travecos!

Rápido, o tempo urge!

Eliminemos todos aqueles que estão felizes a ser quem são, pois sua felicidade hedionda me incomoda em minha mesquinhez miserável, nesta minha vida insossa, cujas alegrias só surgem quando posso transformar a vida dos outros nesta minha vidinha de merda.

Cacem as tias. Detenham a autonomia, o desejo, a liberdade.

Ou tentem.

Porque somos muitos. Cada vez tomamos mais consciência que sair do armário é tomar as rédeas da própria vida. Somos cada vez mais.

A opressão não vai durar para sempre.

Preparem as malas. Com merda, morte e que mais inventarem, vocês vão ter de mudar.

joão silvério trevisan

Posted in direitos GLBTT, personagens with tags on 04/03/2010 by Homofobia Já Era

Existem alguns JST no mesmo cidadão João Silvério Trevisan.

JST Existe o homosexual de vanguarda que esteve à frente e vivenciou momentos históricos da construção da nosssa  identidade onde tudo, de fato, aconteceu. João morou um bom par de anos nos Estados Unidos na fase mais efervescente do movimento gay norte-americano.

Existe o militante histórico, do qual tive a honra e o prazer de compartilhar a participação num dos 1ºs grupos organizados para a defesa dos direitos homossexuais, o carioca-paulistano SOMOS inspirado no lendário grupo argentino.

Eu, um pirralho curioso e ele já uma liderança intelectual, inteligente e debochada que, com sabedoria e contundência, desafiava a ortodoxia da esquerda que nos queria à reboque das lutas políticas mais urgentes (ou seja, os viados sempre tomando no rabo!).

Existe, depois, o ex-militante engajado mas pensador e mobilizador político atuante e independente que nunca se negou a estar presente, ajudando e intercendendo, em qualquer situação que homossexuais, principalmente os mais anônimos e hostilizados por familiares, eram humilhados pelo aparato policial (para os mais novos o que parece quase uma lenda, na época, era a coisa mais comum e corriqueira).

Existe, quase paralelo a tudo isso, o João escritor que, mesmo ignorado pela crítica e editoras, continou a publicar seus romances de temática homossexual, seus ensaios iluminadores e que se viu consagrado por dois trabalhos históricos: o romance “Ana em Veneza”, premiado com o importante Jabuti e o ensaio fundamental e definitivo “Devassos no Paraíso”, radiografia precisa e preciosa da história da homossexualidade brasileira desde o descobrimento até a contemporaneidade.trevisan

João também, generoso, foi coordenador de diversas oficinas de literatura pelo país, ensinando jovens escritores os ofícios e a disciplina necessária para a profissão. Ainda ,aqui e ali, escreveu poesias,contos, roteiros para filmes nunca produzidos, etc.

João, no entanto, ficou mais conhecido do grande público gay como colaborador regular das publicações GLS que surgiram no Brasil na década de 80 em diante. Foi editor do histórico Lampião, único jornal gay já publicado e depois colunista das revistas Sui-Generis, já extinta, e na G Magazine onde escreve até hoje.

Como é natural do humano, João envelheceu. Hoje já é um senhor dos seus 60 anos.Da mesma geração dos tropicalistas e da esquerda revolucionária que sonhou transformar o Brasill numa república socialista e marxista, Por isso, como todos que viveram um sonho que não se realizou, carrega uma certo travo amargo nas suas opiniões e reflexões. Um certo desapontamento em analisar os (des)caminhos da mobilização GLBT brasileira.

Não sem razão, muitas vezes, mas o fato é que João “enranzinzou e se rabugentou”. Não perguntei mas ele próprio deixa transparecer esta sensação nas entrelinhas dos seus textos mais recentes.

joao_silverio_Trevisan1 Só se vê novamente o brilho e o incendiário de outrora quando encontramos João, anualmente, em algum lugar nobre da Parada de SP. Sempre prestigiado, lembrado e convidado para o palanque e para os holofotes. Aí João surge quase menino com sua emblemática gravatinha borboleta arco-íris junto com um impecável blaser e uma camisa de tricoline inglesa xadrez. Sua marca registrada.

Naquele instante de verdadeira e poderosa emoção, João volta a ferver. Ele que esteve presente desde a 1ª parada (apenas uma volta tímida, acompanhada de vários camburões à espreita, pelo centro velho de SP com uma dezena de bichas-pingadas,valentes e receosas, ao redor de uma Kombi velha).

João, que sobreviveu por acaso e sorte, à devastação do 1º momento mais violento da AIDS inicialmente chamada de “peste gay”. Ele que já era viado quando o termo nem era conhecido pelo grande público.

Pois é esse João, com o qual às vezes concordo, às vezes me emociono e às vezes me irrito, que é importante ser lido permanentemente. Em um dos seus últimos grandes artigos ele escreveu o texto que faltava sobre o controverso costureiro Clodovil.

Sem condescendências mas com uma visão de quem o viu como personagem importante de nossa própria história João, ao traçar o perfil desta figura muitas vezes patética, revelou numa agudeza de observação rara, que há um pouco de Clodovil em cada gay brasileiro. Mesmo que tentemos a todo custo esconder.

Por isso, e por muito mais, leia João. Ele é a nossa voz.

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leia uma entrevista com JST contando

um pouco da sua história clicando na foto acima

fuck you: hungarian artists against homophobia

Posted in direitos GLBTT, homofobia with tags , on 21/02/2010 by Homofobia Já Era

como sabemos que somos "do bem"?

Posted in comportamento, direitos GLBTT with tags on 22/01/2010 by Homofobia Já Era

Talvez seja minha idade, talvez seja meu passado ou talvez seja, realmente, que sou um romântico inveterado. Não importa muito, O fato é que, sempre quando sei que vai haver um “beijaço”, me emociono.

Pouco importa, também, o motivo que o originou. Ou a causa que nos arrasta a este ato vândalo. O que me interessa são as consequências. Não as burocráticas e mofadas, baseadas em leis feitas por gente sem amor e que tem medo de carinho a ponto de o tachar de obsceno. Mas a felicidade que conseguimos espalhar.

Não falo daqueles que a tudo coibem, a tudo julgam, a tudo pecaminam, a tudo processam ou a tudo analisam. Como alguém já disse de forma magistral, desconfie de pessoas de botinas, batinas, togas e aventais. Ou que lhe queiram deitado num divã, numa cadeira de réu ou ajoelhado a pedir perdão.

Falo daqueles outros, nós, aqueles que escolheram amar o mais bem próximo, igual ou semelhante. Falo dos homens e mulheres que, diante do caminho mais fácil ou do caminho único, resolvem ir pela contra-mão, pelo margem e pelo lado obtuso.

Esses seres, nós, frequentemente chamados de insensatos, despudorados e de ingratos aos céus e aos santos. Que muitas vezes são expulsos, açoitados e impedidos. Poderia desfilar aqui , quase infindo,  ínumeros motivos para que quiséssemos a vingança, a dor, o mal e a desgraça de quem nos alheia.

Poderíamos sair pelas ruas, praças e avenidas a destruir, incinerar, rabiscar e assustar a todos com nossos gritos de guerra, nossas feições maldosas e nossa euforia coletiva de massa enlouquecida. Poderosos em dia de manada.

Poderíamos sair munidos de estandartes imensos, com tochas e velas amendrontando quem passa. Lamuriando nossa falta de sorte e nossa desgraça de nascer de um jeito contrário.

Poderíamos mais. Acreditando numa vida melhor e que desta terra não se leva nada, amarraríamos bombas em nossos corpos, cobriríamos o rosto de preto e deixaríamos um vídeo gravado em despedida dos mais queridos torcendo para encontrar o paraíso ali em cima ou do outro lado.

Depois, no meio desta gente que nos odeia e nos repele, explodiríamos rápido fazendo tudo se consumir em fogo: excrementos, corpos e peles. Nada restaria, nem eles nem nós. Mas censurar? ahhh, ninguém mais se atreveria…

Mas não.

Por um estranho desejo de ser feliz. Por uma mania pervertida de sempre sorrir. Por uma vontade louca de preferir amar, gozar, dançar, viver e crer até em quem nem nos acredita, escolhemos protestar de outra forma. Preferimos o calor de nosso corpos, nus, suados, vestidos, magros, sarados, eretos ou aleijados. Das nossas mãos desarmadas, abraçadas, enlaçadas, dadas e apertadas. Preferimos o impossível e não o tédio. O sonho e não o ódio. Preferimos o afago a invés do murro.

Um, dois, três mas…sem armas apontadas, sem patíbulos que despencam e sem sangue desperdiçado.

dizemos não, dizemos basta e dizemos chega.

Com um gesto simples: um beijo.

por que eu sou contra a sodomia

Posted in comportamento, conhecimento, direitos GLBTT, diversidade with tags , on 18/01/2010 by espiritualidadelgbt2010

Estava passando os olhos pelas notícias diárias, quando um fato me chamou a atenção. Era um manifestante africano, provavelmente evangélico, erguendo um cartaz onde estava escrito em letras garrafais o seguinte dizer “Africanos contra a Sodomia”. Eu passei o dia pensando naquilo. O que é sodomia? Todos sabemos que se referem ao sexo anal, ou seja, “pau no rabo”. Mas a luta daquele africano não é contra qualquer pau em qualquer rabo, é contra aquilo que ele entende por homossexualidade masculina. Sim, porque o que está em questão é o cú de outros homens.

Não, não vou defender a sodomia e muito menos o direito de as pessoas a darem seus rabos. O que realmente me deixa encafifado é pensar como é que uma pessoa pode sair da casa dela e se dar ao trabalho de escrever um cartaz contra o que o outro faz com a sua bunda e ainda ostentar isso como protesto político. A matemática é simples, se quem dá o rabo é o outro, não sou eu. Ora, se não sou eu, é o outro, se é o outro, não sou eu. Então como é que o cú de outro homem pode ocupar a mente deste cidadão?

Você já reparou uma coisa? Dificilmente estes manifestantes escrevem um cartaz escrito “Africanos contra a colação de velcro”… raramente o protesto contra a homossexualidade se dirige para as mulheres. Isso não é, no mínimo, curioso?

Dizer que a sodomia é anti-natural, é no mínimo, uma incongruência estúpida. Ar-condicionado, asfalto, televisão, água engarrafada, carro, gasolina, tecido sintético, shampoo, sabonete, camisinha, internet, TV a cabo, microfono, CD player, todas essas coisas são anti-naturais. Não obstante, você vê o cidadão lutando contra o uso anti-natural do cú, mas não vê ele lutando para que a humanidade volte a viver em florestas (que seria a coisa mais natural a se fazer).

Porque mesmo se dar o “bumbum” fosse anti-natural ou errado, será que a pessoa que luta contra tal prática abominável tem toda a vida dela pautada pela mais pura perfeição, segundo os ensinamentos cristãos? Por que para exigir do outro uma suposta perfeição, você teria que ser o primeiro a tê-la.

Isso me lembra um fato recente na história brasileira em que alguns evangélicos foram até a porta do congresso nacional protestar contra a lei que pune a discriminação a homossexuais. Ora, com tantos casos de corrupção no país, injustiças sociais, violência policial, falta de educação, hospitais, você já viu algum grupo de evangélicos irem até o congresso nacional protestar contra os escândalos de corrupção da mesma maneira violenta que eles foram protestar contra a tal PLC 122? Por que a energia mental dessa gente se direciona tanto para a homossexualidade?

Além do que, voltando ao tema do assunto, há uma questão crucial… Quem disse que a homossexualidade se resume a “pica no rabo”? A tal “sodomia” não é um elemento chave no sexo entre homens, para quem não sabe. Aliás, é muito comum homens fazerem sexo sem ninguém meter em ninguém. Mas então, como é que essas pessoas que lutam contra a sodomia sabem o que de fato se passa no sexo entre homens? Ou é fruto de experiência, ou é fruto de imaginação… em ambos os casos, isso mostra uma conexão mental direta com o objeto.

Não se trata de dizer que sodomia é certo ou errado, mas se trata de me perguntar: o que calhas d’água eu tenho a ver com o cu de um outro que não sou eu? O número de homens homossexuais que supostamente praticam a sodomia é ínfimo em comparação ao número de homens viris heterossexuais que gostam “de meter” numa vagina. Então por que o indivíduo sai da casa para protestar contra o cú de um outro? Isso absolutamente não deveria ser um problema seu, uma vez que quem ta dando o rabo, não é você. E não só não é você, como isso sequer afeta sua vida em nível nenhum.

Ok, o caso específico é África, mas tais formas mentais não são muito distantes da nossa realidade brasileira, né minha gente? Com tanta coisa mais importante para o cara protestar, como africanos unidos contra a s hipocrisia, a falasidade, o fanatismo, a ignorância, a fome, as guerras,etc, qual é a realidade mental e psicológica subjacente ao protesto contra o cú alheio?

Nas religiões da antiguidade e em religiões atuais como umbanda e candomblé, a sexualidade do indivíduo era assunto privado e ponto final. A preocupação com o ânus de outro homem é uma característica dos filhos de Sem, e das religiões abraâmicas. Pelo menos no caso do islamismo e do cristianismo, as duas religiões mais virulentas e violentas do planeta, essa preocupação é recorrente e isso tem conseqüências psicológicas profundas.

Quando eu ocupo minha mente com a sodomia de um outro que não sou eu, eu simplesmente afasto o olhar de mim mesmo, meus defeitos, minha falta de capacidade de auto-análise e o que eu preciso melhorar. Ocupar-se com o “rabo alheio” a ponto de fazer você sair de casa para protestar, faz com que você desvie a atenção de si mesmo, e passe a cuidar da vida do outro simplesmente porque não tem capacidade de cuidar da sua própria vida. Psicologicamente, preocupar-se em lutar contra a sodomia “do outro”, nos deixa na confortável posição de julgamento do outro e força a desviar o olhar de nós mesmos. O protesto contra a sodomia é uma poderosa defesa contra si mesmo.

Além do que, quando eu digo que o outro é errado, está implícito que eu sou certo, quando digo que o outro é doente, está implícito que eu sou saudável, quando digo que o outro é satânico, está implícito que eu sou divino. Como disse em outro texto, a homofobia também está relacionada a uma questão de Ego pessoal. A inferiorização do outro muitas vezes relaciona-se à capacidade de me fazer sentir melhor.

Quando reafirmo que o outro “dá o rabo”, que isso é errado, e que eu, uma vez que não dou “meu rabo”, sou melhor, mais certo, mais divino e mais saudável que o outro, estou sutilmente favorecendo meu Ego. Mas o que é mais engraçado é se perguntar por que tal movimento mental é feito em torno do ânus.

Ainda há questões profundas aí. Dizem aí alguns psicólogos que a bissexualidade faz parte da constituição profunda do ser-humano. Sabemos que quando reprimimos algo em nós, passamos a viver isso nos outros. Como eu disse anteriormente, você já viu algum evangélico lutar contra a sodomia em casais homem e mulher? Por que a mesma campanha não é feita com os africanos indo de porta em porta nas casas de famílias heterossexuais, com um cartaz escrito: Vocês Praticam a Sodomia? Não deveriam fazer isso! Não obstante, essa campanha é feita com a “suposta” homossexualidade masculina.

Mas mesmo assim, é realmente admirável a capacidade que as pessoas têm de fazer do cú uma questão teológica. Ok, sabemos que Deus não fez o cú para dar… Assim como ele não fez a boca para chupar, pois a boca foi feita para comer e falar. Mas não vemos uma campanha de africanos evangélicos com cartaz escrito “Contra o sexo oral do homem na mulher”. Entendem?

Quando Jung disse “o que Pedro diz sobre Paulo nos informa muito mais sobre Pedro do que sobre Paulo”, não foi à toa. Quando eu vejo uma pessoa lutando contra o cú do outro que não é ele próprio, não vejo uma pessoa lutando contra a sodomia, mas sim vejo a mente de uma pessoa atormentada com aquilo que definitivamente não deveria ser um problema dele. Então eu pergunto: o que leva uma pessoa a sair de casa, gerar energia mental e força física em torno do rabo alheio, senão uma profunda incapacidade de se olhar bem dentro de si e ver como se é de fato?

Nossas palavras refletem nossa mente. Lutar contra sodomia é confortável seja por que passamos a direcionar para o outro as imagens mentais que existem dentro de nós, seja por que ela nos permite vivenciar no outro aquilo que temos um desejo imenso de viver em nós. Mesmo se você advoga com toda a pompa da certeza interior que a sodomia é um pecado, na medida em que isso de fato não interfere na sua vida, isso no mínimo deveria ser um problema entre quem dá o bumbum e Deus. Eu imagino a alma deste coitado no céu e Deus perguntando: – Meu filho, você deu sua bunda durante a vida? Agora você vai para o inferno!

É com gargalhadas que recebo frases como “se todo mundo vier a ser homossexual, a humanidade vai acabar”. Ora, se todo mundo vier a ser homossexual, isso inclui que a pessoa que proferiu esta frase, uma vez que ela faz parte do mundo, admite subjetivamente que ela pode se tornar homossexual.

Ah? Já sei! O sexo anal pode trazer várias doenças, né? Sim! Assim como dirigir pode dar dor na coluna, ver televisão causa obesidade, trabalhar em escritório causa lesão por esforço repetitivo e ser professor causa sérios danos à saúde mental do docente. Algum desses africanos ostentam cartazes como “Africanos contra a televisão”?

Portanto, não venho aqui expressar minha indignação com a luta contra a sodomia, venho expressar a minha consternação em ver como as pessoas tem pouca capacidade de olhar para si próprias e vê como o modo como elas enxergam o mundo, diz muito mais sobre elas do que sobre o mundo em si.

concubinos do poder

Posted in direitos GLBTT, opinião, orgulho, política with tags , , , , , on 13/01/2010 by Adriano Mascarenhas Lima

 

Estava passeando pelo calçadão de Ribeirão Preto no intervalo diário de 15 minutos que faço no meu trabalho, e, como de costume, fui à banca de revistas dar uma olhada na capa dos jornais do dia. Sempre faço isso para saber do que anda falando a mídia impressa. Infelizmente, não disponho de dinheiro pra comprar jornais todos os dias, e essa foi uma das maneiras que encontrei de não me desligar totalmente daquilo que chega às pessoas por meio dos diversos canais de comunicação em massa (Está certo que, ultimamente, eles só vinham servindo pra me aborrecer, mas tudo bem, é sempre bom saber mesmo assim). Foi quando vi uma matéria de capa mencionando o recuo do governo do PT quanto a algumas questões do Programa Nacional de Direitos Humanos. O que pensei na hora? Só uma coisa:

Que decepção.

Pra quem não chegou a ficar sabendo nem mesmo da apresentação de tal programa, ele se trata de um documento oficial, elaborado a partir de reivindicações da sociedade em diversas conferências, e tem por objetivo orientar os poderes públicos na promoção dos direitos humanos. Este programa, que é o terceiro de seu tipo, incluia questões de grande interesse da comunidade LGBT, tais como o casamento gay, a consideração da autodeclaração de cidadãos LGBT, e a possibilidade de travestis e transsexuais poderem escolher seus nomes em documentos oficiais sem necessidade de decisão judicial.

Minha primeira (logo, mais espontânea) reação, quando soube foi de esperança. Não uma esperança oriunda de fascinação por um gracejo de certa forma tardio por parte do governo, mas uma esperança mais realista, segundo a qual nós já estivéssemos, pelo menos, “seguindo a tendência”, trilhando caminhos antes já trilhados por outros países, até mesmo da América Latina. Nunca achei o Brasil um exemplo de protagonismo político, mas a minha esperança era que estivéssemos, no mínimo, seguindo – ainda que atrás, ainda que timidamente – o fluxo do futuro.

As reações posteriores foram mais ponderadas, e bateu o ceticismo. Também não do tipo de ceticismo mais comum, que seria duvidar da iniciativa pura e simplesmente por ter sido governamental e em ano eleitoral. Para ser bem franco, isso não me incomodaria, e, pelo contrário, significaria até um avanço, em vista de que nunca fomos matéria de discussão em campanhas eleitorais presidenciais. Alguém se lembrar de nós tão expressamente já poderia até ser considerado um avanço. O ceticismo a que me refiro tem mais a ver com o fato de este ser apenas um programa de diretrizes, e que ainda levaria mais uns bons anos para resultar em algo concreto, estando restrito ao plano etéreo das idéias neste momento. Percebam que, mentalmente, não lidei em momento algum com a possibilidade de um recuo…

Dosando esperança e ceticismo com minhas próprias medidas, optei por acompanhar as discussões sobre esse programa com certo distanciamento. Tem sido minha postura para tudo o que diz respeito à política institucionalizada neste país. Refiro-me a “política institucionalizada” como essa que chama a si mesma de “política” o tempo todo, e que, evidentemente, não encerra todo o significado do termo.

Diferentemente de mim, várias vozes se ergueram em protesto quando o programa foi divulgado. Essas vozes de protesto disseram muitas coisas. Destas, as de dentro da comunidade LGBT disseram que se tratava de uma iniciativa eleitoreira, querendo apenas os votos do arco-íris para a candidata do PT à presidência, Dilma Roussef. Outras, de setores reacionários da sociedade, não gostaram muito da possibilidade de finalmente termos esses direitos elementares, e foram às pressões contra o documento. Outras, ainda, influenciadas pelas primeiras certamente, já começaram com os temores da perda de votos e reclamaram dentro do próprio governo, pedindo pela retirada do casamento gay do rol destas propostas.

O resultado: Essas vozes foram ouvidas. E o casamento gay aparentemente não constará no documento que o governo entende como diretrizes de direitos humanos para a nação. Fomos preteridos. Jamais pensei que o referido programa pudesse ter saído do governo sem que os envolvidos em sua ratificação tivessem chegado a um mínimo consenso sobre o que apresentar à sociedade. Jamais esperei, eu, que até então me considerava simpatizante do PT, que as lideranças do partido batessem tanto a cabeça e fossem capazes de papel tão traidor e vexatório.

É sem vergonha alguma que admito aqui que fui enganado, porque os enganados jamais deveriam sentir vergonha pelo mau-caratismo alheio. O governo, ao se posicionar de modo inicialmente favorável para depois voltar atrás, brincou com os meus sonhos, sentimentos, expectativas e esperanças. E eu estou certo de que não falo apenas em nome de Adriano Mascarenhas, mas de todos nós.

O governo agiu como um homem casado que promete a seu amante gay secreto que ele passará a ser seu, para em seguida voltar à segurança de sua família de aparências, que ele jamais teve intenção real de largar. E, assim, como concubinos do poder, seguimos à mercê dos compromissos de nossos políticos para com o conservadorismo e o atraso desumanos que tanto nos assolam e impedem que nosso país entre verdadeiramente no grupo dos países capazes de fazerem a diferença no que diz respeito aos direitos humanos.

Hoje, quando fui pra academia, não consegui tirar esses pensamentos de minha mente, e a frustração até me fez suar mais e quase esmurrar os aparelhos por vezes. Vi vários homens lindos ali dentro, e me perguntei: Será que um dia vou poder me casar com um homem bonito como eles? Será que algum deles é gay também? Será que, se for gay, também tem vontade de se casar um dia? Será que teve essas referências? Será que é fácil um casal gay entender a si mesmo plenamente como casal, em uma sociedade que não dispõe de estrutura ideológica ou legal para lidar com essa realidade e dizer a esse casal que ele “pode” ser? Sinto-me estranho no mundo quando esses pensamentos afloram em situações das mais corriqueiras e percebo que jamais estarei ajustado ao mundo. Agradeço por não sê-lo em alguns quesitos, mas, às vezes, sinto que sentir-se igual a todos seria bom.

Alguns podem dizer que soa disparatado eu mencionar pensamentos e impressões tão pessoais como essas em um texto sobre algo que se pretenderia mais ou menos político, mas peço que não deixem de notar o quanto esses assuntos agem interconectados. A vida de milhões de pessoas é afetada pela política. Neste dia, milhões de pessoas podem ter deixado escapar uma lágrima furtiva mimetizada ao suor. Força e dor me tomaram nesse símbolo da lágrima que não foi só minha.

O que pude foi apenas vir à rede mundial de computadores falar com meus iguais, aqueles entre os quais me sinto compreendido e aceito. E não me restrinjo a me referir a pessoas LGBTTT quando falo de iguais: os meus iguais são todos aqueles que me querem como igual. Sei que deles também é a minha decepção, que não se fia apenas em um programa de diretrizes rejeitado, mas em todo o descaso que segura as cordas dos bonecos de Brasília. A situação é muito mais grave do que faz supor essa pequena vergonha. Sinto-me mais que frustrado, sinto-me idiota perante essa fina teia difusa de lealdades do quadro da política brasileira e sua total falta de identidade, na qual nunca podemos saber com quem contar. E isso porque me considero alguém pelo menos um pouquinho crítico. Vai se lá saber o que acontece com o voto de quem não se importa tanto assim com “política”. Cheguei ao ponto de duvidar até mesmo de quem diz que entende a política no Brasil. Estou farto de quem diz saber tudo, e parte da culpa por isso é dos nossos próprios governantes. São eles que dizem que entendem demais disso, quando o que fazem por lá demonstra algo bem diferente.

Acredito que nossa única saída é mirar novamente a comparação com o concubino. É necessário o amor próprio. É necessário que obriguemos o adúltero a se decidir, e parar de nos iludir: Ou a esposa, ou nós. Ele não poderá continuar com ambos. Se o governo preferir tomar partido da homofobia, vai ter que arcar com as consequências. Se é de perda de votos que o PT tem medo por comprar a nossa briga, será com perda de votos que teremos que puni-lo se ceder a essa pressão, ao mesmo tempo em que temos que apoiar as iniciativas que se mostrarem efetivamente favoráveis a nós (reclamar tanto quando estão a favor quanto quando estão contra não é produtivo). E com pressões de ambos os lados, restará a eles escolher entre o que é ético, político, e afinado à nossa Constituição, ou isso que está fazendo.

É hora do basta final.